
Ano: 2017
Direção: Charlie McDowell
Roteiro: Justin Lader, Charlie McDowell
Elenco: Jason Segel, Rooney Mara, Robert Redford, Jesse Plemons, Riley Keough
Existe vida após a morte? Provavelmente, quando essa pergunta for respondida, provavelmente, o mundo mudará. E, em The Discovery, nova produção original da Netflix, é exatamente isso o que acontece. Quando o Dr. Thomas Harbor (Robert Redford) consegue provar cientificamente que, após o desencarne, a consciência humana é transportada para outro plano, a maneira como as pessoas lidam com a morte se transforma. A Descoberta, mesmo sem detalhar como é o ‘outro lado’, desencadeia uma onda de suicídios, com seres humanos desesperados por uma segunda chance.
Logo após um promissor início, encontramos Will (Jason Segel), neurocientista e filho do Dr. Thomas, que está em uma balsa em direção a uma remota ilha. No trajeto, ele encontra com Isla (Rooney Mara), uma mulher misteriosa que segue para o mesmo caminho. Após se conhecerem, cada um segue o seu destino. Pouco tempo depois, obviamente, os dois se reencontram e acabam juntos na mansão em que o pai de Will reúne uma equipe de sobreviventes de suicídio que trabalham para descobrir o que tem do ‘outro lado’. O lugar de pesquisa, vale ressaltar, tem pouco de laboratório e muito de seita religiosa.
Will, determinado, tenta convencer o seu pai a desmentir a Descoberta, com o objetivo de cessar a onda de mortes. No entanto, Thomas está prestes a anunciar a sua nova máquina, que irá revelar para onde vai a consciência do ser humano após a morte. É nesse próximo passo da Descoberta que Will, seu irmão Toby (Jesse Plemons, ótimo em cena) e Isla se juntam para ajudar Thomas. A partir deste momento, os problemas de enredo, que já acenavam para o espectador, ganham força e a verossimilhança começa a dar adeus.
Além dos desvios de conduta de personagens, com destaque para Will, que se mostrava determinado e sem a mínima intenção de compactuar com as ideias de seu pai, sempre negando o seu envolvimento naquilo tudo, se corrompe facilmente e, logo, já está envolvido e tomando atitudes que não condizem com a sua personalidade inicial. A personagem de Mara, que deveria ser um dos fios condutores da trama, acaba não atingindo o seu objetivo satisfatoriamente e, apesar da atriz estar bem em cena, pouco importa o seu destino. Aliás, ela e Segel, diga-se de passagem, entregam boas interpretações dramáticas, mas seus personagens não colaboram. E muito menos o envolvimento amoroso deles.
A produção, logo no início, aguça a curiosidade do espectador, mas isso não dura muito. Depois da abertura, somos envolvidos em um clima gélido e melancólico, que já vimos anteriormente em Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças. Parece promissor, mas o longa de 2004 tinha muito mais a oferecer. Minuto após minuto, a vontade de entrar na trama de The Discovery diminui e só queremos que o desfecho chegue logo. Não por curiosidade, mas por puro tédio. Além das distorções de enredo e pontas soltas, é claro.
No final das contas, o filme traz uma premissa boa e interessante, uma fotografia bonita, uma direção satisfatória de Charlie McDowell e atores competentes, mas um roteiro que segue por caminhos rasos, não deixando o longa seguir uma linearidade consistente e que dá o foco errado na história (custava deixar seguir pelo lado científico e filosófico?). Ah, o plot-twist (sim, tem!) não convence e a única coisa que pude pensar após o encerramento de The Discovery foi: “humm, legal, é só isso? Vou ver outra coisa”.
Nota: 5/10
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