
Wheelman
Ano: 2017
Direção: Jeremy Rush
Roteiro: Jeremy Rush
Elenco: Frank Grillo, Caitlin Carmichael, Garret Dillahunt, Wendy Moniz, Shea Whigham
A cena inicial de Wheelman já dá uma ideia do que esperar do restante do filme: o ponto de vista é de dentro de um carro, mais precisamente no banco traseiro, em uma plano-sequência que se inicia dentro de uma garagem escura até o momento que o personagem de Frank Grillo começa a pilotá-lo. A boa notícia é que o restante do filme tem a mesma toada artística quanto o seu início em termos de direção (com o perdão do trocadilho).
O filme do estreante na direção de longas Jeremy Rush (que também é o roteirista) é um ótimo thriller de ação. Baseando-se na velha fórmula do assalto que dá errado, Wheelman tem um plus: ele centra sua história no piloto de fuga que precisa resolver um monte de problemas ao volante, usando apenas um telefone. O enredo soa familiar, pois Locke, de 2013 e estrelado por Tom Hardy, contava algo parecido, mas a ação era praticamente nula.
Uma das grandes sacadas de Rush é nunca mostrar por completo o carro que Grillo pilota na maior parte do filme. Sabemos que se trata de uma BMW, na cor preta, e que tem um porta-malas vermelho. Não era o carro que o personagem queria, pois ele pediu algo discreto. Um mero detalhe que deixa o filme com mais identidade. O longa é totalmente focado em Grillo (o ator aparece em 100% das cenas), e seu ponto de vista não permite mostrar o carro. Mesmo na primeira cena em que o protagonista aparece fora dele, é praticamente impossível perceber de qual modelo se trata. É um artifício grandioso de direção.
Apesar de falar tanto do carro, quem segura o filme é Grillo. O personagem (simplesmente chamado de wheelman, em português, motorista) se inicia calmo, como um homem que só quer seguir as ordens às quais foi submetido para receber um trocado e ajudar na criação da filha adolescente. Mas, aos poucos, sua sanidade mental vai sendo quebrada ao longo dos rápidos 80 minutos de duração. Apesar de um exagero aqui ou ali, Grillo está ótimo no papel e merece palmas por ele.
Os coadjuvantes também não ficam pra trás. Caitlin Carmichael interpreta Katie, a filha de 13 anos do protagonista. Sua personagem é a clássica adolescente irresponsável que não curte muito obedecer os pais. Apesar de aparecer pouco fisicamente, a atriz possui uma certa presença de cena. Outros fortes personagens são Clay, amigo do wheelman que lhe arruma o trabalho, interpretado por Garret Dillahunt; e Motherf***er, o assaltante transportado (e posteriormente ludibriado) por Grillo, que é feito pelo ótimo Shea Whigham.
Talvez, os únicos problemas de Wheelman que eu consiga listar são a quebra de tom que os exageros do 3º ato proporcionam e a sua curta duração; o filme tava tão bom que nem me toquei quando já estava no fim, e eu adoraria ter visto mais daquela história, mas acredito que a proposta era justamente essa, mostrar uma noite cheia de problemas na vida de alguém. A minha esperança é a de que, com a vitrine que uma produção da Netflix gera, Frank Grillo não seja mais reduzido a um papel de coadjuvante, como aconteceu em inúmeros de seus trabalhos, e mostre todo o seu potencial em filmes bons e interessantes novamente.
Nota do crítico
Nota dos usuários
João Vitor Hudson
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Tenso e envolvente. Vale uma conferida.